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TEMPO HIBERNAL



O pulsar era lento
As formas se compunham harmoniosamente
A cada momento
A cada instante
A cada estar
Elas estavam conscientes de sua permanência
E sabiam
Que ali estariam até a nova aurora

Aos poucos a forma se transforma
Não é mais a simples semente
Que está
Mas condições
Que são criadas para o surgimento
De uma nova esperança

O que há pouco era semente
E que já toma forma
Ainda procura sua colocação no seu tempo
E ainda procura sua definição no espaço

Grandes eram as novas semente
Que da pequenina inicial
Formavam um nodal
E se encaminhavam para a partida

E todas elas evoluíam na hélice do tempo
E cada uma escolhia a sua forma definitiva

O plasma
Desintegrando sua plasticidade
Evoluía em formas
E deixava tudo o que já era definido
Em condições
De jogar sua existência para frente

O fogo dominava no horizonte inicial
E a água no horizonte final
E ambos não se aproximavam
Antes de uma revolução

Vários globos foram se formando
E destes
Varias formas foram surgindo
E definindo sua própria natureza

E os pequenos globos se rompiam
E destes outros surgiam
E novamente rompiam

Era assim que rondava
A primavera formal do Espírito!

Vagando no espaço
E dando a cada um
Sua ordem
Seu ponto
Seu momento de eclodir
E transmutar para o novo ser

Era a grande hibernação
Que remontava aos tempos
E que dava a todas aquelas criaturas
Seus desejos
E suas condições de vida

A forma evoluía a cada instante

Nada se podia comparar ao momento anterior
Mas no temporal
A evolução se fazia lentamente
E para que tudo ficasse definido
A corrente do fluxo uterino se formou
E se desfez
Tantas vezes quantas foram necessárias

Por vezes vinha lenta e uniforme
E novamente mudava seu curso
Para a completa reorientação
De tudo o que de si fundia

O útero
Há muito estava aberto
E a mãe libertava a sua dor
E sofria novos desejos
Para que em outras partes
Se concretizassem suas necessidades

Esta era a própria Dinâmica
No exercício da Criação!

E tudo foi evoluindo
E tomando seu próprio caminho

Mas antes que fosse definitivo
O crescimento na semente
O homem ainda se mostrava como mera Sabedoria
Simplesmente hibernava
Contido em sua forma
Sem nada saber
Sem nada poder

E assim ficou durante um longo tempo
Até que no final da sua terceira volta
No círculo da grande espiral
Que reorientava o seu fluxo
Acordou para o seu estar
Definiu sua forma
Conheceu seu corpo
Tomou contato com todas as suas partes
E partiu para a sua primeira concepção

E concebeu a sua dor
E na dor
Conheceu a sua natureza
E ficou consciente da sua presença
Mas na dor também
Viu pensar suas necessidades
E viu nascer suas súplicas
E conheceu sua morte

Nada lhe falava
Nada lhe comunicava
Nada lhe fazia sentir
Que aquele instante sublime
Que marcava sua presença
Diante de toda a eternidade
Onde se definia o seu final hibernal
Onde acordava a sua verdade
Era para ele seu maior momento de prazer

Ele
Que fora uno com toda a criação
Agora era parte desta mesma criação
Que evoluíra substancialmente
E que marcava um tempo
Para cada um dos seus
E que mostrava somente ao homem
A dose da sua presença

E ele
Que fora uno com toda a criação
Agora não mais era só
Ele mesmo se transformara em dois
E como dois
Podiam definir o
Seu terceiro
E formar a sua própria trindade

Ele estava excelso!
Ele se encontrava com a sua sabedoria!
Ele permeava os seus fluidos!


E deixava no seu lago
Todos os resíduos do seu passado
Sem que para isto fosse necessário
Tocar sequer sua capa

E o Pai
Sorrindo
Viu tudo como estava feito
E sentiu maior prazer

Era o êxtase da Criação
Contemplada pelo seu Criador
Que na sua plenitude
Derramava o seu Amor
Por todo o vazio
E ingressava mais uma vez
No estágio da passagem
No templo da indefinição
No murmúrio do prazer
Na glória da conquista
No esplendor da satisfação

E pleno da sua Plenitude
Repousou!

E recomeçou por nominar toda a sua Criação
Dando a cada um
Sua personalidade
E sua condição de sabedoria

E primeiro Ele nominou a Treva
E dela fez uso
Para explodir toda a Criação em Luz
E Treva e Luz se tornaram pares

Em seguida a Água
E do seu interior eclodiu o Fogo
E logo ambos tornaram-se pares

Os dois pares
Sublimados pelo Criador
Uniram seus elementos
E surgiu a Substância
E também ai constituiu-se a trindade

Finalmente o Pai Criador
ungido de toda a Sabedoria
Quis ter suas Crias unidas
E para a coexistência una
Das duas trindades
Fez surgir a Natureza
E criou à sua própria semelhança
A terceira trindade

O Pai era pleno de sua Sabedoria
E deu finalmente à sua criação
Na sétima hora do primeiro dia
A dinâmica
E repousou
Para ressurgir após a inflexão

Era a primeira inflexão
Após o seu primeiro acordar

Ora filhos
Isto se deu para que vós
Que eras simplesmente estar
Para que pudésseis
Naquele momento
Passar para vosso segundo ciclo
Mesmo sem perceberdes
Que ali já representavas
Todas as criaturas nominadas por Deus

Isto se passou para que vós
Que vinhas do vosso nascer
E da vossa concepção
Do vosso progredir plasmático
Para que pudésseis conhecer
Vossas formas
E vossa dinâmica

Vossa forma
Que para sempre seria seguida
Com a qual terias que contar
Para o vosso crescimento rumo a liberdade

Vós fostes Plasma
E agora és definitivamente Forma
Vós fluías no caudal do rio celeste
E agora sóis substância
Que participa dos eventos da Sabedoria
Vós eras o desejo no saber
E agora sóis o saber dos desejos

Integrai-vos portanto ao vosso tempo
E elevais ao Pai
Que vos deu todas as formas
E todas as criações
As vossas mãos
Para que Ele as possa medir
E formar a vossa medida

Nosso pai estava sentado sobre uma pedra
E se deixava tomar pelo gozo do relato que nos fazia
Mas a qualquer movimento da natureza
Ele parava e somente retomava a palavra
Após contemplar com carinho
E com mansidão participar daqueles momentos
Que dizia ser a própria presença de Deus

Era o homem
A natureza e Deus
compartilhando da mesma pureza
da mesma sublime e incontida
explosão de amor?

Vedes o exemplo deste momento
Em que se funde o aqui e o agora
Com o Eterno
E onde Criador e criatura
Harmonizam suas canções
E transformam suas formas
Na constante busca da unidade

Cai no vosso próprio prazer
De estar gozando
Do tudo o que vos foi permitido
Para passardes nos vossos caminhos

Criais vosso ser
Sublimai vosso corpo
Elevai vossa alma
Para que no sempre
Possais cumprir todos os vossos passados

Vosso futuro de glórias virá tão cedo
Que não o reconhecereis
Estareis mais preocupado
Com o vosso estar

Mas vinde a mim
E eu vos relatarei vosso momento
E vos darei a pista para o vosso passar

Vós tendes a forma
E assim fostes feito
Para que o vosso tempo vos consumisse

Deixai-vos consumir por vosso tempo
E após vossa passagem
Vosso fogo não mais corrompera a água
Nem vossa água acalmara o vosso fogo

Cobri o anônimo no pano da verdade
Onde se esconde vossos carinhos
E exaltai a vossa sabedoria
Na necessidade de sempre estar
Seguindo o vosso fruto

Vosso caminho é o do querer
É o do querer estar convosco
O vosso outro lado
E de estar em vós
Toda a nossa paixão

Sede uno com o Sempre
E somareis todas as vossas vitórias
Para que possais repercutir
No estrondo da passagem no Tempo

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