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O CAOS



Longe ecoou o último grito!

O desespero
A desesperança
Era acabado

O Holocausto já se fora
O pouco do que restou
Descortinava no sem fim

Ainda não se distinguiam formas conhecidas
e somente o sol, a prumo, contava a história

Nosso pai juntou seu rebanho e veio para fora
Estávamos estáticos!
Em estado de choque!
Tudo foi tão rápido
Que mal deu para perceber

E tudo acabou numa simples explosão!

Era o fim!...

Tudo eram trevas e tudo era luz

O céu vermelho, a terra fogo
ambos se fundiam
derramando um caudal incandescente
desintegrando a massa
correndo os rios
consumindo os oceanos

Havíamos acordado para a vida
ou morrido para sempre?

Nosso pai se elevava em preces
Seu rosto ardia em brasas
Era difícil distinguirmos sua face
Ante tanta luz

Mas sabíamos que ele ali estava
Mesmo que não o pudéssemos olhar

Aos poucos ele desceu
E uma bola de fogo cruzou o espaço
Saindo da sua boca

Olhávamos aflitos!

-E agora?

Ele aproximou-se de nós e sorriu...
Demonstrava cansaço, mas firmeza
Sua retidão era incomparável
Seu porte era inconfundível
Seu caminhar era leve, harmonioso
E suas palavras jorravam tão suaves
Como a leve brisa da noite

E ele nos falou:

 Filhos este é o ponto de Inflexão
 Aqui tudo acaba e aqui tudo começa
 Aqui tudo era e aqui tudo será
 O que antes era trevas agora é pura luz
 E o que antes era esperado agora está
 Não luteis pelo que ficou
 Mas pelo que pensais que vos é dado

 Aproximai-vos do vosso interior
 e descobris a vossa magnitude

 É posto o escabelo do tempo em vossas mãos...

 Afortunados aqueles que passaram a este lado
 Afortunados aqueles que, das mãos do Pai, receberam o seu bastão
 Afortunados aqueles que irão a cumprir a sua súplica
 Afortunados aqueles que só no Pai reconhecem a sua sorte
 Afortunados aqueles que não erram o caminho de volta

 Bem vês então
 Que o Pai vos escolheu
 Para que vós sejais o seu testemunho
 Agora
Aqui
 Deveis saber
Que

 A vossa aurora
 Não mais será de sofrimentos

 Os vossos desejos
 Não mais serão da carne

 Não mais nascereis da terra
 Mas sim
  Do Sopro Eterno

 Vossa cabeça será curada
 De toda a dor
 Que habita nas profundezas da alma

 Vosso desejo de ir
 Não mais será a vossa satisfação pessoal

 Partis para o vosso destino
 E revelais a quem encontrardes
 Que o dia da inflexão passou
 E que a revelação vos foi mostrada
 antes mesmo de tocardes o fio
 do meu cabelo

 Vossa raiz será mais profunda
 e vosso amanhã mais doce

 Correis por este mundo afora
 Gritando
 Louvando a Minha passagem



Dito isto
Acomodou-se e dormiu

Já era noite
e todos fazíamos a última prece

Orávamos ao Pai
Por nossas faltas
Orávamos ao Pai
Pelas recompensas daquele dia
Orávamos ao Pai
Pelo prazer de vivermos os nossos momentos
E desconhecermos o nosso Devir

O nosso passado
O nosso presente e
O nosso futuro
Estavam contidos em um só instante
Que marcava o tempo para a nossa conquista
De tudo o que nos fora concedido
na nossa origem

Queríamos conter todos os limites
Da sua sabedoria
E por isto
Orávamos!

E o Pai
Que a tudo via
Na sua sabedoria
Sorria...

E o seu sorriso
Derramava mil graças
A cada instante
Em que o seu hálito
Cobria uma passagem no tempo

O Pai sabia
Do nosso tamanho
E do nosso apego
Da nossa compreensão
E da nossa necessidade
De externar
Com palavras
os nossos sentimentos

O céu estava claro!
O horizonte cortado de negro
Dava graça e beleza ao cenário montado
Para aquele nosso despertar

O ocaso
Era o contemplar do que se fora
O passado
Então lembrado
Se resumia na grande explosão

Renascendo para o mundo
Revivendo para a vida
Recompondo os tempos
Realizando os desejos
Re-glorificando a Glória
Do que virá
No seu corcel branco
Alado
Rompendo as nuvens num esplendor de luz
Bramindo a sua espada
Para rolar as cabeças dos mais pobres
Traspassar o coração dos mais ricos
Tocar o ombro dos mais puros
Ungir os mais humildes

A felicidade que sentíamos era tamanha
que passamos toda a noite
em contemplação

E assim, passaram-se sete dias e sete noites
E no sétimo dia
nosso pai acordou e reuniu a todos
para relatar os seus sonhos

Meus amados filhos!
Eu estive muito longe
Onde nunca
Nenhum Ser
Pôs sua mão
Viajei
Por caminhos infinitamente longos
Em dimensões desconhecidas
Que formam os Sete Espaços
Dois da Sabedoria e cinco da Razão

Os Dois da Sabedoria
Que Geram o Terceiro
Que é a própria Essência
Do Cinco da Razão
O Verbo manifestado
O Reflexo da Trindade contida na Substância

O Dois
Dualismo profundo do Uno
Que integra-se ao Terceiro
Sua Criação
Seu Estar
Sua Presença Cósmica
Gera o Quarto
O equilíbrio das Formas
A presença permanente da Matéria
No Universo Criado
Cuja duplicação
O Oitavo
Representa a bipolaridade
O masculino e o feminino
A treva e a luz

Enfim!
Toda a criação que emanou do Uno
E que na sua própria Criação
Transcende no Nono
Para o seu deleite e prazer

Os Cinco Planos da Razão
Juntaram-se aos Dois da Sabedoria
E formaram o Sétimo
A realização plena
Mas também no Uno
Formaram o Sexto
Dos desejos incontidos

E estas são as Uniões Celestiais
Que demonstram a continuidade da Vida
Na perseverança dos Tempos
Em busca do Nada

Nada
Que é a integração
de todos os Espaços Finitos
ao Infinito

São a própria essência do Uno
A síntese do Todo
A Última Morada no Reino da Luz
Onde o Pai vos consumirá
Integrando-os ao seu Ser
No Final dos Tempos

E na minha caminhada finita
Os Infinitos se somavam
A intermináveis Infinitos

E os Infinitos somados
Formavam um imenso abismo
Onde no Vácuo Profundo
Nenhuma luz maculava a Treva

A medida que ali Eu penetrava
Tragado por uma força incomum
Que não só me transportava
Como também!
Me remoía todo o corpo
Era Luz que Eu via

Não a luz comum
Como estamos habituados a ver
Mas a luz que vinha da Luz

Uma luz diferente
Transparente
Azul
De grande intensidade
E tão concentrada
Que não lhe fugia um único raio

Era como se fosse
Uma nuvem de cristal

E da Treva vinha a Luz
Mas no seu interior mais profundo
A Treva sempre dominava

E quanto mais eu aprofundava
Mais intensa se tornava a Luz
E mais negra era a Treva
No seu profundo Estar

E chegou o instante
Em que a Luz
Era Plena
Total

E a Treva
Já não era mais trevas
Nem a Luz era luz
Ambas se fundiam
Envolviam todo o espaço

E Eu
Não mais conseguia distinguir as dimensões

Tudo parecia Uno
Tudo era o Todo
Tudo Era

Um forte som penetrou-me os ouvidos
Zumbindo
E crescia
E Eu Crescia
E quanto mais forte
Maior era meu êxtase

E o torpor tomou o meu corpo!

Eu estava Brisa!
Eu era Aurora!
Eu fluía no Todo!
Eu pertencia ao Nada!

Nem a intensidade da Luz
Nem o Som ensurdecedor
Me incomodavam ou amedrontavam
Simplesmente!
Davam-me uma grande Paz!

E vieram odores diversos
Que me provocavam sensações inebriantes
Me colocavam no espaço
Desintegravam o meu todo

E o meu paladar
Se tornava sensível a sabores exóticos

Tudo era confuso
E tudo era perfeito

E a perfeição
Se desfazia em desordem total
E novamente se refazia
Na mais completa harmonia
E Eu senti
No meu íntimo
A Voz!

A Voz
Que vinha do mais profundo
Silêncio
E falava ao meu Vazio Estar



"Tudo o que esta diante de vós
É a Ordem que integra o Universo Cósmico
É o antes da Matéria
É a respiração do Eterno
É o Todo da Vida
Nela
O espaço se desintegra e se funde
As formas são moldadas
São diluídas em novas formas
E tudo é concebido
E tudo é Criado
E tudo o que vós conheceis
Na vossa natureza
No vosso plano de vida
No vosso estar consciente
Vem!
Deste inconsciente do vosso sonho
Vem!
Desta Ordem que transforma o Ser
E que repõe no tempo o Estar
Desta Ordem,
Que é a magnitude de todos os vivos
Desta Ordem
Que eleva aos Planos à condição de sentir

O Dínamo do Crescimento
A Essência do Divino
O Complemento da Natureza
A Perfeição do Todo
A Transformação do Eterno
A Pureza da Luz
A sutil Necessidade de Ser Vivo
A Beleza da Morte
O Continuar da Sabedoria
O Estar sempre contido na Matéria até a Luz Plena

E somente a vós
Foi dado o privilégio de conhecerdes
Porque vós rompestes a membrana do vosso ovo
Mas todos os vossos
Ainda estão enclausurados
Ainda deverão passar por outras provações
Até que suas membranas também sejam rompidas
Mesmo assim!
Não verão o que vistes
Pois esta visão
Somente é permitida
A sete Humanos dos sete Globos
E vós sóis o Sétimo Homem
Ninguém mais
Verá o Chaos
E vós!
Que O vistes
Agora devereis vos juntar
Aos vossos irmãos
Para que juntos
Sejais Um
E o vosso Um
Será valorizado diante de todos
Porque todas as Nulidades
Estarão ao vosso lado esquerdo
E assim
Sereis Infinitos
E transformareis a todos em Infinitos
Agora!
Deveis descer
E contar o que vistes
Àqueles que vos escutar
E aquele que receber a vossa palavra
Será salvo do fogo
E habitará ao vosso lado
No Infinito dos Tempos
E o que de vós afastar
será consumido"

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Alvaro de Oliveira Neto CHAOS A DIVINA HARMONIA PARTE I O Caos O Despertar A Entrega O Estar A Ronda PARTE II Tempo Plasmático Tempo Hibernal Tempo Animal Tempo Mental Tempo Racional Tempo Etéreo Tempo Espiritual PARTE III O Chaos A Palavra Introdução O Espírito Santo por vezes inspira aos homens muitas palavras cujo sentido oculto não é entendido por eles. Todas são abismos e profundidades, restringi-las, pois, a nosso sentido limitado é querer apanhar com a mão o ar e os átomos de que está carregado: o ar nos escapa, e na mão nada fica. Não podemos compreender as verdades ocultas sob as palavras de Deus, nem a mu