A Paz!
O Amor!
A Vida!
A Sabedoria nos falava
E nós custávamos a entender
A Verdade nos conduzia
E nós custávamos a merecer
A Humildade estava acima de tudo
Nós já não estávamos nem éramos
Caminhávamos para muito além da chegada
Mas não havíamos chegado
Pensávamos somente no renascer
Mas não despertávamos
Colhíamos aqueles frutos plantados
Mas o doce mel exauria-se no favo
A hora em que o Pai
Nos levaria ao encontro das águas
O instante em que resultaria
À adoção dos pequenos
O momento da promessa
Na chegada à Terra Prometida
Nenhum sinal
Nada havia ficado
Nem o pouco
Nem o mais
Nem o pouco
Nem o mais
Nada restabelecia o tempo
Nada refazia na aurora o passar da agonia
Estávamos quase que orientados
No rumo
Estávamos em busca do sempre
Que nunca nos faltara
Estávamos na partida
Para o encontro da sabedoria
Mas o rumo nos fugia a causa
A coragem superava aquele momento fatal
O desejo de deixarmos os nossos corpos
Intensificava a razão
Mais perto estávamos
Do encontro com o Supremo
Disto tínhamos certeza
Orávamos!
Orávamos todos
Para que o Pai nos recebesse
Na Casa dos sete Reis
No útero das sete Primaveras
Como nascidos da primeira Luz
E ungidos com o Sangue da expiação
E que sempre nos tivesse
E que sempre nos tivesse
Como tidos na Terra as melhores obras
Depois de tanto navegarmos
De tantos ventos
Tantas marés
Açoites
Calmarias
Açoites
Calmarias
A chegada à enseada do Porto Seguro
Era quase como uma bênção aos nosso desejos
Nossos olhos
Não mais queriam voltar-se para longe
Volver ao passado
Era quase que loucura para nossos desejos
Todas as formas haviam passado
Uma a uma
De tempos em tempos
Quase que compulsórias
No entanto
No entanto
Bem propícias aos nossos desvelos
A morte
Era a causa primeira dos nossos passados
E a vida que ora impunha-se
Era como grande repasto ao nossos dias tão sofridos
As formas deformadas pela água
Foram moldadas pelo vento
Consumidas pelo fogo
Agregadas a terra
E finalmente na nova substância
Integradas para a manutenção da Verdade Eterna
Os corpos revestidos de mácula
Foram elevados com todos os seus passados
Vibrando nas suas células
E dando as origens aos seus nomes
As almas banidas de entre os mortos
Foram elevadas à essência do Divino
Resgatadas para sofrerem
As mutações que lhes eram apropriadas
Ficaram mais leves
E na mansidão elevaram-se à brisa da noite
A Luz
Emanava do interior mais profundo
De todos os seres
E já não eram mais seus interiores
Que reluziam
Mas todo os seus todos
Numa Grande Bola incandescente
E a mais brilhante
Sete milhões de vezes mais brilhante
Consumia as diversas bolas
Que continuavam a brilhar com seus brilhos
E nada acrescentavam à mais brilhante
A Grande Bola
Sete milhões de vezes maior
Sete milhões de vezes
Inundava todo o Cosmos com seu fogo
E seu calor derretia toda a massa incandescente
A água explodia numa nuvem de vapor
E a ventania veloz
Arrastava ao núcleo todos os restos
Todas as escorais
E o que restava era consumido instantaneamente
Em cinco dias tudo já era liqüefeito
E o caudal flamejante
Era o próprio plasma da origem
Que agora ressurgia no novo crepúsculo
De todos os finitos
E na chegada de glórias do Infinito
Mas o caudal plasmático
Também foi consumido
E reverteu-se o Tempo
E abriu-se o grande Vazio
Que devorava todas as manifestações de luz
O Vazio plenificava
Aumentava o seu estar
Resplandecia no seu ventre
A plenitude da luz foi-se
Integrando-se Àquele
Que a tudo consumia
Foi-se envolvendo em seu interior
E a bola fechava-se
Engolindo-se
No sexto dia
Tudo já estava plenamente consumido
E o Vazio plenamente plenificado
E no sétimo dia
o Nada
Era
Era
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