Pular para o conteúdo principal

TEMPO ETÉREO




A aurora
Cintilando no cristal do orvalho
Dava nova vida à terra
Brotava o verde
E oferecia as criaturas
O frescor do renascer

No campo florido
O sereno da noite alimentara as flores
E os primeiros raios de sol
Despertavam o horizonte
Sem mácula
Puros
Intensos como a plenitude do eterno

O amanhecer anunciava o esplendor da natureza
A eclosão do espírito
Que dormitava em nosso ser
Rompia a densa matéria
Inerte
Na busca do sopro
Que intensamente soprava à terra
Revivendo seus frutos

O céu limpo
De um azul intenso
Era a própria mansidão do Criador
Apascentando as suas ovelhas

Os pássaros
Em revoada
Pontilhavam o espaço
E novamente aderiam a uma outra pousada
Em busca do alimento
Que lhes bastasse àquele dia

Nunca o Criador os deixou passar!

Todos os animais
Reorientavam seu natural equilíbrio
E no compasso da mesma canção
Tocavam em bandos para a pradaria

Contemplávamos esta beleza
Certos de que o Pai nos interrogaria mais tarde
Para saber das nossas necessidade
E que estaríamos prontos para mostrar-lhe
Quão grande era o seu passado
E como gostaríamos de sobreviver às suas frases

O despertar na natureza
Era como uma grande orquestra
Colocando seus primeiros acordes
E anunciando o tema proposto

Todas as harmonias se compunham
E tornavam o ambiente cada vez mais sereno e forte
Mostrando as cores intensamente vivas

O despertar das nossas vidas era maravilhoso
Novas formas se formavam
Novos seres se reorientavam
Novos deveres
Adversos ao passado
Colocavam cada ser
No seu presente
Na sua condição de fluir dentro do caudal
Que os levaria ao Rio da Vida
Em busca do Oceano da Paz

Tínhamos uma nova chance
Tínhamos tudo
Para conhecermos os novos caminhos

Tínhamos um novo tempo
Para traçarmos toda uma caminhada

As diversas opções que o Pai nos colocara
Estavam devidamente selecionadas
Entre todos os meios e veículos que nos cabiam

Escolhemos a que mais nos convinha
E se soubemos escolher
Somente o tempo o diria

Vários aspectos da nossa vida foram mostrados
E compreendidos
E muito fizemos para acompanharmos o nosso fim
Desejávamos não mais sofrer
Desejávamos verter de uma só Fonte nossa água
Provando de todas as delicias
Que o Pai nos permitisse
Sentindo os sabores
Percebendo os tons
Juntando as harmonias
E a cada vínculo
Provando dos frutos
Que emancipavam a nossa chegada

Nunca correndo pelo mesmo leito
Nunca deslizando por um mesmo caminho
Sempre encontrando novas formas
E passando nosso tempo
Em busca do oculto

Muitos dos nossos
Escolheram dois ou três caminhos
E o Pai
Permitindo
Nos colocou todos os desejos
E nos volveu ao passado
E sentiu-se feliz
E a sua felicidade
Era ver os seus filhos vivendo

Mas logo
Tudo aquilo que recebíamos na graça
Em abundância
Corrompeu pelos nossos atos
E seguiram-se ao extermínio
Dos aspectos tão desejados
Que somente punham em decadência
Nosso ser

O estar
Permitia-nos que uma nova origem fosse concluída
Assim o Pai
Que nos amava
Concedeu-nos esta experiência
Para uma conclusão mais forte
No Grande Dia

Os caminhos seguidos
Nem sempre eram opostos ou divergentes
Porém se completavam nos aspectos complementares
Que cada um desejava para o seu fim

Corremos o olhar pelo horizonte
E vimos
Que de tudo o Pai havia nos dado um pouco
A nós somente restava
A conclusão do Dever

Aqueles que se dividiram
Logo se dispersaram
Com exceção dos que precisavam ficar em família
Dos que tinham que cumprir um Dever

O realce havia sido dado
As cores haviam se permutado
A água estava crescendo
No interior de cada ser vivente

As manifestações de prazer e carinho
Eram cada vez mais eternas

Nenhum de nós conhecíamos além dos limites
Que nos haviam sido impostos
E estes
Eram somente a media de todos os viveres

Cada um acompanhava tão bem o seu passado
Como se este estivesse ocorrido naquele instante

Todos dominavam o conhecimento do viver
Mas não sabiam o que a vida vos reservara

A cada passo que davam
Eram concedidas maiores graças
E a presença na nova Nação
Se fazia crescente

Recebíamos manifestações
De todos os irmãos no Universo
E deles sabíamos o que se passara
Na nossa origem

Nosso vínculo era estreito
Pois o Pai assim o queria
Para podermos mais facilmente
Integrarmos a nova Galáxia

A expansão estava quase que concluída
E sabíamos que o novo ato era o de Inspirar

A contração de alguns movimentos
Já havia começado
E os limites já perfeitamente definidos
Estavam agora caminhando à degeneração

Subimos nossos corpos
Até algumas outras Galáxias
E rondamos todos os estados
Em que elas se encontravam

Ouvimos muitas súplicas e lamúrias
Daqueles que ainda não se haviam definido
Ou não estavam preparados
Para tão grande prova

Periodicamente revisávamos nossos globos
E reorientavamos nossos destinos

Nosso pai
Ia e vinha de longas caminhadas
Sempre pronto a um novo destino
Quando o chamavam
E sempre pronto a solucionar qualquer obstrução

Os meios efusivos
Se fundiam por todos os lados

As águas
Nem sempre dominavam todas aquelas bolas
Que rondavam nos sete mil espaços
Incluindo suas Luas
                    
Gostávamos!
Quando tudo de repente mudava seu curso
Para irromper numa nova aurora
Ou quando no crepúsculo
Podíamos mudar e reorientar os ventos

Crepúsculos e auroras se somavam
E derramavam suas cores por todo o Universo
Bramindo num longo caudal
Através do vento leste
Que soprava constantemente

Era maravilhoso
Quando podíamos deslizar pelo tempo

Mas nossos Deveres
Nem sempre nos permitiam estas maravilhas
Pois tínhamos que compreender
Que a nossa origem fora densa
E que estávamos recém ingressos
Na massa gasosa deste planeta

Corríamos por todos os campos
Integrávamos as flores
Até novamente cansados
Sairmos por sobre a praia
Acompanhando a velocidade daquele sopro
Que se desfazia tão logo despertava o dia

Assim era nossa vida
Assim era o nosso viver
Naquele momento
Em que para tudo
Foi levado o sonho
E a realidade
Fundindo-se em um só ato
Todos os prezares

Não que achássemos monótono
Aquele estar
Permanentemente gasoso

Sentíamos que se fazia necessário mais movimento
Antes que se exaurissem todas as forças

O mais comum era que nos horários da prece
Acrescentássemos o silêncio e a paz
Ao nosso ritmo
Afim de que
O despertar para o Eterno
Não fosse por demais perturbado

Nosso pai
Era o mais iluminado
Naqueles tempos de glória
Quando o Eterno nos concedia crescer

Ele tinha toda a liberdade
De ir e vir
Quantas vezes quisesse

Mas sempre com o objetivo de testemunhar
As graças D'Aquele que haveria de vir
E que para sempre reinaria
No centro de todo o Universo

A nossa espera era secular
Mas sabíamos que os dias eram contados

Um dia
Depois de percorrer todas as galáxias
Nosso pai nos reuniu
E fez vir de todos os cantos
Os filhos mais preparados
Afim de poder
Nos instruir
Para a chegada do Fogo
Que nos consumiria
E nos levaria definitivamente à nossa origem

E reunidos
Confiamos nossas experiências
Um de cada vez
Àquele que nos havia instruído

Louvamos ao Senhor
Que na sua glória
Nos permitia prosseguir

Nosso pai
Havia composto uma canção muito simples
E muito agradável ao Senhor

Com muita paz
Entoávamos
Todos juntos
Este cântico de glória

Hoje nasceu um novo dia
Um dia feito de esperanças
Glória a Deus por este dia

Hoje nós temos a tua Luz
A Luz que guia a escuridão do nosso ser
Glória a Deus por tua Luz

Hoje nós temos o teu Sopro
O Sopro que nos faz renascer
Glória a Deus pelo teu Sopro
Hoje nós temos o teu Calor
O Calor que nos aquece o íntimo
Glória a Deus pelo teu Calor

Hoje nós temos a tua Água
A Água que nos da a vida e nos alimenta
Glória a Deus pela tua Água

Hoje nós temos o teu Alimento
O Alimento que nos sacia o espírito
Glória a Deus pelo teu Alimento

Hoje nós temos a tua Alegria
A Alegria que nos veste de amor
Glória a Deus pela tua Alegria

Hoje nós temos a tua Paz
A Paz que nos aproxima dos homens
Glória a Deus pela tua Paz

Hoje nós temos a tua Humildade
A Humildade que nos deixa ser
Glória a Deus pela tua Humildade

Hoje nós temos o teu Amor
O Amor que não vê fronteiras
Glória a Deus pelo teu Amor

Hoje nós temos a Natureza
A Natureza criada de brilhos
Glória a Deus pela tua Natureza

Hoje nós temos o Irmão
O irmão que nos sacia a sede
Glória a Deus pelo Irmão que nos deste

Hoje nós temos o nosso Pai
O Pai que nos ama e perdoa
Glória a Deus pelo nosso Pai

Hoje nós temos a Mãe
A Mãe que nos concebeu
Glória a Deus pela Mãe
Hoje nós temos a Ti ó Pai,
O Caminho
A Verdade
A Vida
Glória!
Glória a Deus!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INTRODUÇÃO

Alvaro de Oliveira Neto CHAOS A DIVINA HARMONIA PARTE I O Caos O Despertar A Entrega O Estar A Ronda PARTE II Tempo Plasmático Tempo Hibernal Tempo Animal Tempo Mental Tempo Racional Tempo Etéreo Tempo Espiritual PARTE III O Chaos A Palavra Introdução O Espírito Santo por vezes inspira aos homens muitas palavras cujo sentido oculto não é entendido por eles. Todas são abismos e profundidades, restringi-las, pois, a nosso sentido limitado é querer apanhar com a mão o ar e os átomos de que está carregado: o ar nos escapa, e na mão nada fica. Não podemos compreender as verdades ocultas sob as palavras de Deus, nem a mu...

O ESTAR

Naquele instante Estávamos a procura do nosso ponto O ponto que identificaria o nosso estar O estar naquele momento Que possibilitaria na meditação Uma fácil assimilação De tudo o que nosso pai nos ensinava E os seus ensinamentos Seriam a base para a nossa procura! E as suas palavras seriam o refrão da nossa conduta! E foi assim Que ele nos viu e ele nos falou E o seu falar Nos colocou todos os desejos Que tínhamos de conhecer O tudo e O Todo E a sua sabedoria Nos colocou definitivamente no nosso estar Filhos! Vós estais hoje perpetuando o Ser O Ser que cresce rumo ao Infinito E vossa estada Nesta Ronda É vossa ressurreição Se aqui estás É porque ressuscitastes dos mortos Os mortos ficaram para trás E somente na eternidade serão lembrados Vós porém Estareis prosseguindo no vosso caminho Até o dia da Reconciliação E a fé que vos guiará Será sempre a fé Para a qual fostes preparados E estás convicto Não a...

O CAOS

Longe ecoou o último grito! O desespero A desesperança Era acabado O Holocausto já se fora O pouco do que restou Descortinava no sem fim Ainda não se distinguiam formas conhecidas e somente o sol, a prumo, contava a história Nosso pai juntou seu rebanho e veio para fora Estávamos estáticos! Em estado de choque! Tudo foi tão rápido Que mal deu para perceber E tudo acabou numa simples explosão! Era o fim!... Tudo eram trevas e tudo era luz O céu vermelho, a terra fogo ambos se fundiam derramando um caudal incandescente desintegrando a massa correndo os rios consumindo os oceanos Havíamos acordado para a vida ou morrido para sempre? Nosso pai se elevava em preces Seu rosto ardia em brasas Era difícil distinguirmos sua face Ante tanta luz Mas sabíamos que ele ali estava Mesmo que não o pudéssemos olhar Aos poucos ele desceu E uma bola de fogo cruzou o espaço Saindo da sua boca Olhávamos aflitos! -E ag...